Eu quero uma vida de casamento, café da manha junto, de roupa de cama enrugada no sábado a tarde de tanta preguiça, quero as preocupações da vida a dois, quero tudo desde que seja com você!
Eu quero que todos os meus dias sejam dias de casamento, quero pedir-lhe a mão em casamento a cada amanhecer, e ao entardecer esse pedido será reforçado no surgimento de uma lua coberta de mel.
O meu pedido:
Pedido de Casamento
Eu sei que a gente ia ser feliz juntinho
Pra todo dia dividir carinho
Tenho certeza de que daria certo
Eu e você, você e eu por perto
Eu só queria ter o nosso cantinho
Meu corpo junto ao seu mais um pouquinho
Tenho certeza de que daria certo
Nós dois sozinhos num lugar deserto
Se você não quiser
Me viro como der
Mas se quiser me diga, por favor
Pois se você quiser
Me viro como for
Para que seja bom como já é
Eu sei que eu ia te fazer feliz
Dos pés até a ponta do nariz
Da beira da orelha ao fim do mundo
Sugando o sangue de cada segundo
Te dou um filho, te componho um hino
O que você quiser saber eu ensino
Te dou amor enquanto eu te amar
Prometo te deixar quando acabar
Se você não quiser
Me viro como der
Mas se quiser me diga, meu amor
Pois se você quiser
Me viro como for
Para que seja bom como já é
Arnaldo Antunes
Hoje eu acordei com nítida sensação que eu me vi dormir a noite toda, esta tão clara na minha mente que posso ate descrever. Dormia aninhado entre as cobertas, com um semblante tranqüilo, confiante, um leve sorriso beijava meus lábios, cabelos levemente desorganizados, parecia ser ninado por algo invisível, seria eu mesmo quem ninava? Como seria possível eu lembrar? Mas eu estava lá lindo, tranqüilo, sereno, parecia que sonhava com campos de margaridas, nada parecia importar mais, ou parou de importar, a velocidade das coisas diminuíram no exato momento do meu sono. E eu ali, não cansava de me ver, acho que era a primeira vez em séculos que parava pra me observar, via todos os meus nuances. Era emocionante o simples fato de eu mesmo poder me dar um afago, um carinho pela face, um amor fraterno de mim para comigo.
Amanheceu e eu permaneci na cama, ainda no meio das cobertas, e o sorriso permanecia ali, uma felicidade me invadia, tomava conta de mim, se espalhava pelo meu sangue, e fazia meu coração bater de uma forma diferente. Ouvia musica bem baixinha que vinha do quarto da minha irmã, ela era suave, mas mesmo assim era percebida por mim, fiquei um segundo ali deitado ouvindo aquela canção que me lembrava a adolescência, lembre de pessoas e momentos vividos naquela canção, ri! E ri de coisas que não me lembrava mais. Resolvi finalmente levantar, mas o sorriso ainda ali, estampado, grudado, como se fosse uma tatuagem. A água quente que rolava pelo meu corpo me dava uma sensação tão boa de limpeza, de limpeza da alma, como se tudo estivesse sendo lavado ali naquele momento. Uma roupa bem bonita no corpo, cabelos delicadamente penteados, perfume e todo um preparativo ritualístico pro café da manha, pensei – isso tudo por café da manha? Afinal de contas eu mereço, quero estar diferente hoje, me sinto diferente.
Na mesa do café todos reunidos era uma família diferente da que eu tinha deixado na mesa do jantar, os rostos estavam diferentes, as coisas não eram as mesmas. As cores estavam diferentes, o céu de um azul intenso, arvores de vivo verde, e o amarelo do suco de laranja que mais me chamou atenção. Minha “diferença” foi notada por todos, com breves comentários sobre o que poderia ter acontecido, mas não havia descrição sobre nada, eu mesmo não sabia de nada. Como se tudo fosse pela primeira vez, fiquei ali sentado naquela mesa, de cores e odores, dos assuntos pela volta que me fascinavam, de um lindo bebê que se deliciava com um grande pedaço de bolo, que por sinal era delicioso. Toda a gente foi redescoberta, todos se perguntando sobre seus sonos, de como o vento bateu forte na noite, de como seriam seus dias, das noticias nos jornais, e aquele sorriso que ficava ali, e eu fazia questão de distribuí-lo para todos, afinal eu recebi de graça.
Ajudei a minha me e minha irmã a recolher as coisas do café, levando cuidadosamente a louça pra cozinha, e minha mãe lá linda, nunca tinha reparado na beleza dela, resolvi pegar a ultima dose de café antes de sair, e ela me pergunta – o que houve moço? Qual o motivo dessa diferença toda?. Não sabia explica e ela sabia disso, e logo pousei a xícara na bancada da cozinha e me apressei, ela cuidadosamente me deu um beijo e esticou minuciosamente o meu casaco, não recebia um beijo desses dela desde que era um miúdo, não sei se eu bloqueie em algum momento, se não dava a brecha necessária, mas com a minha diferença de hoje ele pode acontecer, e isso me fez mais feliz que nunca, retribui o beijo e como sempre faço questão de deixar claro, disse que a amava do tamanho do universo. Caminhando ate o carro notei três florzinhas, dessas que nascem em qualquer lugar, peguei as três e a presenteei cada um dos meus amores.
Na estrada ate a nova e breve ocupação, percebi o que tinha acontecido, notei o extraordinário, eu tinha reencontrado minha essência, tinha me notado, me redescoberto e permanecia feliz por isso. Percebi que não podia mais bancar o Jesus para os leprosos que eu mesmo inventava, que eu não podia levantar os mortos. Eu estava perdido antes mesmo de chegar aqui, e agora finalmente me reencontrei. Eu tinha amarrado todas as coisas que me impossibilitavam num baú, abri o mar com minhas mãos e o joguei, e me sinto bem por isso. Não podemos fica sem nos mesmos. Luiz Antonio levantou de um sono de esquecimento e agora esta aqui, percebido por ele mesmo, eu me conheci e gostei do que vi. Nada será como antes, todos já me conheciam menos eu mesmo.
Trechos para esse dia:
“That I would be loved even when I numb myself
That I would be good even when I am overwhelmed
That I would be loved even when I was fuming
That I would be good even if I was clinging”
That I would be good – Alanis Morisset
“Your love is thick and it swallowed me whole
You're so much braver than I gave you credit for
That's not lip service
…
You are the bearer of unconditional things
You held your breath and the door for me
Thanks for your patience “
Head over Feet – Alanis Morisset
“Sometimes the system goes on the blink
And the whole thing turns out wrong
You might not make it back and you know
That you could be well oh that strong
And I'm not wrong”
Bad Day – Daniel Powter
“While my heart is a shield
And I won't let it down
While I am so afraid to fail
So I won't even try
Well how can I say I'm alive?
But if my life is for rent
And I don't learn to buy
Well I deserve nothing more than I get
Cos nothing I have is truly mine”
Life for Rent – Dido
” And I won’t go, I won’t sleep, I can’t breathe
Until you’re resting here with me
And I won’t leave, and I can’t hide, I cannot be
Until you’re resting here with me”
Here with me – Dido
Tem muitas outras musicas que me acompanharam nesse dia de felicidade mas deixo isso pra lá, e coloco só as que me acompanharam durante a escrita desse texto.
Deixa-me pedir que fiques comigo, hoje! Especialmente, hoje!
Não precisas responder,
Deixa ser o teu olhar a fazê-lo.
Deixa que ele transforme este desejo em realidade,
Eu sei que não é possível, mas deixa-me imaginar que sim!
Queria tanto acordar ao teu lado.
Queria olhar-te despido de medos,
De incertezas, de impossibilidades.
Queria percorrer o teu corpo, nu,
Enquanto te dizia o que significas para mim.
Queria dizer-te que, ao pé de ti,
Todos os impossíveis me parecem realizáveis.
Mas não são.
Eu sei que não são.
Mas deixa-me pensar que sim.
Queria acordar-te ao beijar os teus ombros
Despidos e que os nossos olhares se encontrassem
Com tal intensidade,
Que tudo o resto nos parecesse absolutamente insignificante.
Mas deixa-me perguntar:
-Ficas comigo esta noite?Não tem mais lar o que mora em tudo.
Não há mais dádivas
Para o que não tem mãos.
Não há mundos nem caminhos
Para o que é maior que os caminhos
E os mundos.
Não há mais nada além de ti.
Porque te dispersaste...
Circulas em todas as vidas
Pairas sobre todas as coisas
E todos te sentem
Sentem te como a si mesmos
E não sabem falar de ti.
Edgar e Ellen são dois irmãos gêmeos de 12 anos, que vivem numa mansão sozinhos com
sua mascote (que parece o cabelo da mãe do Ian de Se Liga Ian, virado pra baixo), eles vivem pregando peças nos outros (como uma vez em que eles colocaram insetos no chile do prefeito), enfim esses irmão se metem em muitas confusões.
É mais um desenho que sigo assistindo e não perdendo nenhum epsiodio!
Que sorrateiramente
Chega
Aloja
Instala
Decompõe aos poucos
E a dor chega junto ao fim
O que é o fim?
Além das lagrimas
Alem das dores
Estaria o fim próximo?
Consumindo-me
Devorando-me
Ainda não há lagrimas
Mas haverá
Será a ultima vez
Toda historia tem um fim!
Mas na vida o fim
Pode ser um
Novo começo.
Esperando o trem de volta pra casa, vejo as pessoas passarem umas apressadas e outras com os olhos a fotografar tudo a sua volta, tudo que seria peculiar, único, mágico, e fico sentado em minha pequena cadeira e tentando enxergar as suas coisas, olhando dentro do seu intimo, como se isso realmente me interessasse. Quantas delas estariam pensando em seus amores? Estariam felizes? Deram um beijo de bom dia ao sair? Disseram a ele o quando o amava? O quanto era importante estar ao seu lado?
As vezes não nos damos conta de nosso amor ate perdermos, ate que esse amor esteja fugindo aos poucos de nosso peito, com uma diminuição gradual do que era, não percebemos essa fuga, ate seu desaparecimento por completo, e nunca saberemos pra onde ele foi.
Quantas dessas pessoas que passaram por mim se deram conta nas coisas ao seu redor? eu fui percebido? Elas se perguntaram porque eu estaria ali? Estive por um tempo a ver todas as expressões que seus rostos imprimiam, todas de preocupações, mais quais seriam essas preocupações? Dinheiro? Brigas com a família? Ânsia de ter uma vida confortável, mesmo que isso lhe custe sua saúde e que a vida passe sem mesmo ser notada?
São tantas as coisa que passam por nós e nunca a notamos, talvez nunca notaremos, elas deveriam ficar em silencio guardadas em nosso intimo, trancadas num cofre bem escondido. Mas se fossem reveladas alguém poderia nos ajudar? Poderia nos mostrar um caminho menos doloroso?
Disso não tenho certeza, não tenho como tê-la. Mas agora queria ver todos os segredos guardados dentro dessa gente, dentro de seus corações. Talvez alguém escreva sobre isso, um bom livro de pessoas que passam por nós e nunca são notadas, nunca são escritas, nunca são imortalizadas.
Fico aqui com essa questão que me perturba, quem são elas? Pra onde irão? Saltaram na próxima estação? Seguirão com o trem? Por que das lagrimas? Com quem ela fala ao celular? quais são seus segredos? Tudo que quero saber! Não deveria são coisas tão intimas, que não deveria indagar tal coisa. Mas leio um livro com tudo isso, segredos, dores, lagrimas, romance, esquecimento, mas são de pessoas que não conheço, nunca vi nem nunca verei. Mas os personagens dessa historia poderiam ter passado por mim muitas vezes e eu nunca os notei! Talvez as coisas devem se manter assim, no segredo, só reveladas nas paginas de um livro sem imagens!
Essa minha ânsia de saber dos seus segredo, das suas dores, das suas coisas, talvez falte a dor que não tenho pra escrever, talvez queira roubar suas dores e torná-las minhas pra uma grande historia acontecer, sofrê-las ate a ultima gota e tudo ser transformado em palavras e paginas... Mas um dia essa dor chegara, não de um roubo, mas de um anuncio breve, esse dia não sei quando será, mas só sei que será breve, já consigo enxergar o fim.
O fio ganha forma nas fieiras
Vira tecido
Tecido ganha corte,
Forma,
Molde.
No contorno de giz
Baila a tesoura.
Agulha passeia entre bordas
Une, constrói.
A forma revela-se
Pouco a pouco
A idéia vira veste
Da veste que veste
Esquenta
Acalma
Das mãos hábeis e
Ágeis.
De um amor
Que fia o fio
De tecido e tudo
Que esquenta e acalma.
Corta!
Observo as mãos
O tecido ganhando forma.
Apara minhas arestas
Define meus limites
Uni
De mim a mim
A você
E as mãos ainda passeiam
Pelo meu corpo
Com os pés dentro da tina de vinho seca, será que uvas serão pisadas outras vez? Sinto a brisa leve que vem do D’ouro sinto-me em casa, e me ouço tornado outra vez menino, descobrindo o mundo pela primeira vez.
Leio compulsivamente as anotações de quem não esta mais ao meu redor, numa incrível ânsia de capturar a sua ultima percepção, vejo as criticas, analiso as partes em destaque, tento ver com olhos que não mais conseguem ver, tendo sentir com um coração que jamais sentirá novamente. E a vida se refaz, segue seu curso como esse rio que vejo em meus pés, a vida segue seu curso calmo em direção ao mar da morte, nada mais podemos fazer.
Sigo esperando a minha vez!
Terminei a leitura do livro “Viagem” da Cecília Meireles, esse livro me deixou inquieto, é como se perdesse o rumo, vagando dentro do meu próprio ser. A poesia sempre me tocou a alma, mas esse livro mexeu profundamente comigo, sinto que ainda estou a digerir seus versos. Ele foi sem duvidas alimento pra alma, e fica agora guardado dentro do meu ser, delicadamente envolto em uma renda, livre das corrosões causadas pelas perturbações diárias.
Se “a poesia é pra comer” esse livro é dotado da mais alta gastronomia,
deliciamo-nos a cada pagina, a cada verso que nos desnorteiam, na verdade estamos nos despindo, tirando as vestes de observações antigas a poesia nos consome, nos sangra, afia os nossos ossos em fios luminosos, nos despe desse corpo cansado. Depois nos dá uma veste nova, dotada de outra luz, com outras percepções.
Fiz uma pequena seleção de poemas que gostei mais, e que me tocaram de forma mais especial que outros.
Serenata Permite que feche os meus olhos, Pois é muito longe e tão tarde! E cantando pus-me a esperar-te. Permite que agora emudeça: Que me conforme em ser sozinha. Há uma doce luz no silencio E da dor é de origem divina. Permite que volte o meu rosto Para um céu maior que este mundo, E aprenda a ser dócil no sonho Com as estrelas no seu rumo. |
Assovio Ninguém abra a sua porta Para ver o que aconteceu: Saímos de braço dado, A noite escura mais eu. Ela não sabe o meu rumo, Eu não lhe pergunto o seu: Não posso perder mais nada, Si o que houve já se perdeu. Vou pelo braço da noite, Levando tudo o que é meu: - a dor que os homens me deram, e a canção que Deus me deu. |
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